quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Menino e Deus

A madrugada já ia alta quando o rapaz sentou-se no parapeito do prédio. A noite soprava uma brisa fresca e o céu brilhava com seus pequenos pontos cintilantes. Lá do parapeito o rapaz via quase toda a cidade, carros, pessoas, de vez ou outra um avião. O escuro trazia uma beleza especial para cada canto daquela cidade. Uma lágrima rolou do rosto do jovem. Como dentro de uma pessoa poderia existir uma dor tão grande, como dentro dele poderia haver tanta tristeza e amargura a ponto de ofuscar seus olhos da beleza e da grandeza que o cercava. O rapaz de calça dins, camiseta cinza e um All Star surrado coloca-se de pé no parapeito do prédio. Um ultimo suspiro e o cheiro da noite o amedrontou. Dor e sofrimento, lágrimas e gritos cessariam ali. O rapaz abre os braços em cima do prédio de cinqüenta andares, o trafego de pedestres desavisados não sabia o que estava para acontecer. Com os braços abertos o rapaz impulsiona seu corpo pra frente. A queda. Ele mantem os olhos abertos o tempo todo, quer ver o fim. Num segundo tudo some. Seria a morte? Não havia doído. O silencio era absoluto, nem frio nem calor, não sentia nada. Estaria de olhos fechados ou abertos, tentou abrir, não sabia se tinha corpo, descobriu que tinha. Estava escuro. Pairava ou estava em cima de algo? Isso ele não sabia ainda. Tateou em busca do corpo, estava ali, nada doía, nada sangrava, nada quebrado. Sua mente o fisgou e trouxe todo um turbilhão de memórias e sofrimentos. Ali lembrou-se do motivo que o determinara a por um fim na sua vida. A dor veio com a mesma força e intensidade, era tudo muito estranho. Estava morto? Se estava porque continuava a existir, e porque a dor não acabara. Luz. A sua volta pontos luminosos começaram a aparecer, podia ver agora a silhueta do seu corpo, estava pairando em posição fetal, esticou o corpo e tentou tocar algo, mas tudo parecia muito distante e irreal. Uma luz mais intensa aproximou-se, ele viu algo que parecia um sol. Se aquilo era um sol, ele estava aonde? No céu? Não podia. Já ouvira falar do que acontecia com suicidas, mas não acreditava, então resolveu esperar. E o rapaz esperou por quanto tempo ele não soube dizer, por que de alguma forma estranha o tempo parecia não existir ali. Mas enquanto ele permaneceu sozinho, a única coisa que fez foi chorar ao lembrar da vida. Chorou e chorou, até cansar-se de se martirizar e de se consolar. Quando parou ele viu que estava mais longe do sol, e que se aproximava de uma espécie de nebulosa brilhante imensa e roxa, como se fosse o céu azul aqui da terra, mas perto daquela nebulosa o nosso céu era apenas uma nuvem. Essa Neblina roxa tinha sua própria luz, parecia muito com as coisas que vemos no espaço através da televisão e não sabemos direito o que é. O rapaz flutuou lentamente em direção a nuvem. Sem saber o porquê seus sentimentos afloravam a cada centímetro que se aproximava da nebulosa, um misto de tudo o que sentira até ali veio e ateou fogo na sua mente. Todo o veneno que o corroia aumentou e consumiu sua alma ainda mais. Lentamente o rapaz entrou na nebulosa, seu coração parecia explodir a cada batida, sua mente parecia derreter a cada centímetro que ele penetrava a nuvem roxa. Debatendo-se ele tentou afastar-se da nuvem, mas era impelido por uma força que não podia controlar. Aos poucos foi adentrando cada vez mais, e cada vez mais. Pareceu anos e anos o tempo em que o rapaz deslizou flutuante para dentro da nebulosa. Até que depois de avançar sem parar ele avistou ao longe no meio da nebulosa uma coisa que lembrava pedra ou algo assim. Não sabia dizer por que estava muito longe e era impossível distinguir o que era dali. Mas imaginou naquele mesmo instante em que avistou o objeto que deveria ser um meteoro. O rapaz flutuou por mais um tempo inexistente, e depois de muito ou pouco tempo ele chegou perto do objeto que vinha em sua direção. O rapaz se espantou ao distinguir o que era. Era um pedaço perfeitamente quadrado de terra como se ela tivesse sido arrancada de algum lugar. O quadrado era todo azulejado de pisos preto e branco em forma de losango, no centro do quadrado havia uma mesa de escritório, com duas cadeiras, uma de frente para outra. Atrás da mesa havia um armário cinza, semelhante aos armários de escritório em que se guardam muitos documentos. Espantado com aquele pedaço de escritório vagando no espaço o rapaz flutuou em sua direção. Ao chegar no quadrado-escritório o rapaz caiu em cima dele, como se ali naquele pedaço de terra existisse gravidade. O rapaz caiu sentado, e ficou ali parado olhando tudo, ele abraçou as pernas e chorou amargamente. Durante quanto tempo ele não sabe, mas ele chorou como nunca havia chorado antes. Com a cabeça entre os joelhos ele gritou a plenos pulmões, gritou para Deus ou para alguma coisa que existisse e arquitetara tudo aquilo: - Deus ou seja lá quem for, eu odeio Você. Você destruiu minha vida, acabou comigo, Você e todo o resto, você fez com que o mundo acabasse pra mim.
E abraçado as sua pernas ele sentiu um profundo e delicioso perfume, algo que lembrava a flores, era doce e terno o cheiro, e o rapaz percebeu que o doce aroma aplacava sua ira, então lentamente ele levantou a cabeça e procurou a fonte do perfume, e para seu espanto o perfume vinha de um homem de uns trinta anos, sentado na mesa de frente para ele, com as mãos entrelaçadas em cima da mesa olhando-o profundamente. Com um pulo o rapaz se levantou ficando em pé, apontou o dedo indicador em riste, suspirou e disse:

- Quem é você. E como você chegou aqui? – sorrindo o homem sentado a mesa estendeu a mão apontando a cadeira respondendo:
- Sente-se querido, suas perguntas serão respondidas, todas no tempo certo. – disse o homem enquanto o rapaz puxou a cadeira e sentou.
            - Tudo bem então, estou sentado. Quem é você?
            - Tenho certeza que estamos aqui para resolver suas questões.
            - Sim e a primeira é quem é você? – perguntou o rapaz irritando-se.
            - Creio que essa não seja a primeira pergunta a ser respondida, mas sim a ultima. A primeira pergunta a ter respostas, creio eu, seria da minha parte pra você.
            - O que?
            - Quem é você?
            - Por que você quer saber meu nome?
            - Eu já sei seu nome, Henrique Cardoso Celibero. Filho de Carlos Henrique Celibero e de Ana Cardoso Félix Celibero. Nascido no dia quatro de agosto de oitenta e seis. Sei muita coisa sobre você. Mas quero saber de você Henrique. Quem é você?
            - Parece que você sabe tudo já, o que eu posso dizer mais? – indagou o rapaz admirado e assustado.
            - Quero saber quem é o Henrique atrás dessa máscara que você criou durante a vida. Se você ainda se lembra o Henrique que você verdadeiramente é.

            Houve um silencio e os olhos do rapaz se encheram de lágrimas novamente.

            - O que você quer dizer com isso? Como assim eu me escondi? Que máscara é essa? Eu sempre fui assim.
            - Será? – ao dizer isso o homem levantou-se e caminhou até o armário e abriu uma gaveta, enquanto estava de costas para Henrique fuçava em papéis. Henrique pela primeira vez observou a roupa do homem que conversava com ele. O homem usava um terno cinza escuro com uma calça igualmente cinza, sapatos pretos brilhantes que refletiam o intenso brilho da nebulosa. A camisa por baixo do terno era branca e uma gravata preta destacava-se do pescoço e sumia no terno. O homem fechou a gaveta e virou-se despertando Henrique de seu olhar analista. O homem vinha carregando nas mãos uma enorme pilha de pastas de arquivo.

            - Gostou da minha roupa? Usei cinza porque sei que você gosta muito. Queria estar bonito pra encontrar com você hoje. Não queria causar uma má impressão.
            - Sabe que gosto de cinza?
            - A sim, claro. Como disse, sei muita coisa sobre você.
            - Mas como sabia que estava olhando sua roupa?
            - Henrique, algumas perguntas só responderei quando acabarmos aqui. Por enquanto vamos nos concentrar em você.

            O homem sentou-se novamente e colocou a pilha de arquivos abriu uma pasta e retirou um papel, era uma foto. Mostrou-a para Henrique. Era uma foto do rapaz recém nascido. Henrique analisou a foto e colocou em cima da mesa, o homem continuou a fita-lo com um sorriso simples no rosto.

            - Certo, sou eu bebê – disse o rapaz- o que você quer provar com isso?






CONTINUA....

Meia Noite

Perguntas pra uma vida

Qual o seu maior medo? Qual o seu maior desejo?
Você tem medo de realizar esse desejo? Ou o desejo lhe causa medo?
Culpa ou vontade? Vontade de sentir culpa? Sonhos ou fantasias?
Ou você fantasia seus sonhos? Alegria ou tristeza? Triste por ser alegre?
Ou alegre por ser triste? Santo ou pecador? Sente-se santo por ser pecador?
Ou pecador por ser santo? Ser ou não ser? Ser para poder existir?
Ou não ser para poder viver? A cada um uma sentença,
A cada vida uma história, em cada ser um universo,
Porem dentro de nós um mesmo desejo, uma única pergunta,
Sem uma única resposta.

Existir

Única, desesperada e sofrida existência.
Tão preciosa, porem tão frágil.
Um sopro a traz, uma brisa a leva,
Quem tem o poder, quem é o maior?
O Soprador, que tem a vida.

Paz

A escuridão invade minha mente, meus olhos se fecham,
Nada mais vejo. Olho dentro de mim,
Vejo-me na mesma montanha agora, o mar pacifico
Doces ondas o movimentam, e uma suave brisa canta uma singela canção,
Tão baixo q o farfalhar das folhas a sobressaem.
Eu esforço a escutar, e em seu refrão escuto: “enfim PAZ”

Madrugada

Mais uma vez não consigo dormir, minha mente não trabalha,
Mas agitada me atormenta vazia. Meus olhos fecham, o sono vem.
Acordo mais uma vez, sinto o pesar da noite, o choro lamuriante da escuridão.
A luz da lua ilumina toscamente os objetos da sala, sombras fantasmagóricas dançam.
Minha mente entorpecida pelo sono, atormentada pelo vazio vagueia por mundos que só eu conheço. Uma lágrima escorre no meu rosto. Não estou triste, muito menos chateado.
Mas chorar me faz bem, limpa minha mente, escorre meus anseios. Mais uma vez adormeço, mergulho no poço escuro do meu psique, não me encontro em lugar nenhum. Aos poucos a neblina do desconhecido desvanece, e eu me vejo em minha pátria, em meu lugar de paz, em minhas criações, no meu mundo. A luz do alvorecer outonal, pálida e fria me acorda mais uma vez. A desesperança de estar mais uma vez nesse lugar me desperta como água fria, mas a lembrança de minha missão me anima mais uma vez. A cada dia devo trazer a um lugar seco e desolado a visão de um mundo melhor, um mundo criado, um mundo mágico, mas um mundo possível.
Sentença

Os movimentos frágeis que me limitam
Remetem meus pensamentos ao qual fraco sou.
Os desastres internos que me acometem hoje refletem
No meu ser, as dores do sentimento manifestam-se
Fisicamente. Do controle ao descontrole.
Um mar de lágrimas tenta levar o sangue das feridas
Causadas na alma, por anos sem fim de martírio auto infringido.
Sem cura, sem esperança, eu meu próprio carrasco assinei
A sentença tão bem conhecida, antecipei o dia, escrevi minha morte.
Sem lágrimas, sem lamuria, sem duvidas, vivo esses dias como
Um grande sofredor, a amar sem ser amado.

Sussuros

Eles vagueam pela mente, com história e contos prontos para serem imprimidos em paginas e paginas para serem lidos. Em cada mundo, em cada ser, em cada lição os sussuros da mente tem uma missão, dar cor ao cinza, felicidade e lagrima aos leitores. Sejam bem-vindos a sussuros, sejam bem vindos a minha imaginação, viajem pelos cantos e sonhos que me permeiam, visite meus mundo e conheçam meus amigos. Escute com atenção, os sussuros estão ai!