quarta-feira, 18 de abril de 2012

DEVANEIOS 2

DESPEDIDA

Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos tão embrulhados na dor
que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’
propriamente dita. É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos
deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por
ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente…
E só então a gente poderá amar, de novo.




Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.


A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?


Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.



Ai de quem ama
Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida

Amar é triste
O que é que existe?
O amor

Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade

Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus



A razão por que a despedida nos dói tanto é que nossas almas estão ligadas.Talvez sempre tenham sido e sempre serão.Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos.E talvez a cada vez tenhamos sido forçados a nos separar pelos mesmos motivos.Isso significa que este adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá.
(Diário de uma paixão)



Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.



A esperança de ser amado parece esvair como areia ao vento, sopra leva longe, faz sofrer. Mas a Esperança Insiste, o coração continua, o vento inspira, logo as areias espalhadas juntam-se numa nova duna, o tempo cura.
LMO



Only Hope
There's a song that's inside of my soul
It's the one that I've tried
to write over and over again
I'm awake in the infinite cold
But you sing to me over and over and over again


So I lay my head back down
And I lift my hands and pray
To be only yours I pray
To be only yours I know now
You're my only hope

Sing to me the song of the stars
Of your galaxy dancing
and laughing and laughing again
When it feels like my dreams are so far
Sing to me all the plans
that you have for me over again

I give you my destiny
Im giving you all of me
I want your symphony
Singing in all that I am
At the top of my lungs
I'm giving it back


SEGUE EM FRENTE O MEU CORAÇÃO
NÃO CHORA MAIS, APENAS ENTRISTECE.
SEM OLHAR PARA TRÁS, PROSSIGO SOMENTE.
SOLITÁRIO, AO LUAR, CAMINHO RETO,
AGUARDO O AMANHECER, E EU SEI,
ELE VAI CHEGAR.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Despedida.

Me sinto tão só. O lamento não é correspondido.
O uivar ecoa sozinho pelo monte esquecido.
A lua prata ilumina tudo, brilha fantasmagórica, aumenta a solidão.
Infeliz eu ando, amargo, triste, perdendo o que me resta no coração.
As promessas de amor, de amizade, se perdem no vento e no gelo.
Em mim a sombra cresce, obscurecem minha visão e meu zelo.
É a sombra da morte e solidão. É a sombra da loucura.
Ela me chama para o abismo, pra uma morte prematura.
Prematura mas certa é o fim de todo amante.
Amei a tudo, amei a todos, mas sozinho prossegui andante.
Difamado, abandonado, arruinado, esquecido.
Para que haja diminuta dor, das lembranças tenho me despido.
Faz chorar o vento, faz chorar tudo o que é belo.
Será então a morte proposital o fim desse Marcelo?
Um grito desprende, o peito queima, a sombra cresce.
Será que na morte existe o “esquece”.
Depois de morto se é mais amado?
Não sei, só sei que me encontro rachado,
Ferido, sem causa, sem amores,
Na vida não existe mais sabores,
Um arrepio sobe, a morte se anuncia.
Quem sabe depois do véu, a dor desanuvia?
Não posso continuar, sinto muito, mas não dá.
Os sabores, cores amores, tudo sumirá,
E com o tempo tudo cinza ficará, esquecido, e humilhado.
É tudo quee me restará. Sem adiar , estou compenetrado.
Aguardo o sinal, aguardo a coragem, aguardo o fim.
Adeus Mundo, adeus pessoas, prossigam sem mim.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Informação

Para todos que tem seguido a saga de Marcelo em Adamah o inicio do conto é em outubro com a postagem "O Santuário". o conto anterior, "O Armário" é um apêndice das Cronicas, é interessante ler também.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Intervenção

            O cavalo corria em alta velocidade, a agua da chuva batia com ardência em seu corpo, o vento frio duplicava o gelo do tempo. Ashia cavalgava com toda a velocidade, tinha de levar Marcelo até os seus iguais, a profecia tinha de ser anunciada a ele para que pudesse levar a mensagem para os povos oprimidos pelo imperador.

            Eles saiam de uma campina bem arborizada, e entravam num bosque fechado, a chuva atenuara aqui por conta das grandes arvores que impediam o temporal de cair com mais força no solo do bosque. O cavalo desviava com sagacidade das arvores, jogava terra a cada guinada ágil, trotava velozmente te sobre as raízes, relinchava a cada trovão, os grandes pinheiros gemiam ao serem dobrados pelo vento. Parecia que a tempestade os caçava, parecia serem seguidos por seres que voavam entre as nuvens de chumbo.

            O terreno começa a ficar íngreme, grandes pedras cinza misturam-se as arvores que começam a ficar mais espaçadas, Ashia encontra um caminho feito de pedras. A chuva descia impetuosamente, o vento erguia a agua do chão em redemoinhos. A subida fica mais difícil, o chão lamacento é escorregadio, o equino pena a subir.

As arvores começar a rarear e Marcelo nota que ele e Ashia estão subindo uma estrada numa encosta de montanha, o bosque que ficara para trás é coberto por uma fina neblina, é possível ver somente o topo pontudo dos pinheiros. A chuva parece diminuir um pouco, a cavalgada acelera novamente. Eles sobem por um tempo, e param num terreno mais plano, debaixo de uma arvore frondosa, com galhos grossos e poderosos, que os protegia da chuva e vento.

            Ashia desce do cavalo num singelo movimento, retira sua espada e ajuda o garoto a descer do cavalo também. Ela toca as roupas de Marcelo, e um calor denso e profundo circula entre ele e as vestimentas molhadas, em instantes está totalmente seco e aquecido. Ashia ajoelha-se ao pé da arvore, curva o corpo e fecha os olhos. Tudo fica muito quieto, o silencio é acompanhado pela melodia da chuva e vento. Segue-se muito tempo. O vento diminui, a chuva cessa. Inesperadamente a mulher prateada ergue os olhos para o céu, e começa a entoar uma canção. Os cabelos de Marcelo de arrepiam, cada parte do seu corpo enrijece , a musica cantada por Ashia é linda, parece que cada ser envolta respondia à canção. A língua do canto era totalmente desconhecia do rapaz, mas de alguma forma ele entendia. Não sua consciência propriamente dita, mas seu espirito remexia-se alegremente dentro dele, respondendo a canção, que pedia tempos melhores, luz e esperança para o amanhã.

            Ela termina de cantar, os olhos de Marcelo estão molhados de lágrimas, uma fina e prateada escorre dos olhos da mulher misteriosa. Ela abre as janelas da alma, e fita o garoto, inspira profundamente e diz.

            - O Grande Jardineiro, virá em nosso favor. Olhe para os céus.

            Naquele instante Marcelo percebeu que as nuvens de chuva estavam se dissipando e que a luz do sol entrava para a terra novamente. Eles subiram no cavalo, e galoparam por mais uma noite e um dia sem parar para dormir ou comer, sem a chuva e o vento a viajem tornara-se muito mais proveitosa e fácil. No final do segundo dia de viajem Marcelo sentiu fome e curiosidade para saber onde estavam indo. Ashia como se soubesse da fome e curiosidade de Marcelo parou o cavalo debaixo de um cedro robusto e antigo, acende uma fogueira e senta-se no gramado com o rapaz enquanto o sol se punha. Um vento suave espalhava os cabelos de Ashia, e trazia o perfume de abetos jovens aos pulmões de Marcelo.

A mulher misteriosa retira a cela do cavalo e o deixa pastar, bolsas de couro são desprendidas da montaria e retira pães e carnes em conserva. Marcelo come feliz, por conta da deliciosa comida e pelo tempo agradável que fazia.

            -Com aquela chuva toda, não imaginei que fosse ver o sol novamente – disse o rapaz com a voz abafada pelo pão.

            - Realmente. Se o Grande Jardineiro não tivesse dissipado as trevas em nosso favor, não estaríamos apreciando o por do sol. Lindo não é? Agradeço sempre ao Grande Jardineiro por me proporcionar viver em uma de suas criações.

            -Desculpe, mas, quem é o Grande Jardineiro, e onde está Menahe? Tenho saudades dele. E desculpe mais uma pergunta, mas como isso tudo aconteceu? Dessa vez eu não dormi.

            -Peço-lhe desculpa também viajante, as duas primeiras perguntas posso somente responder quando nos reunirmos com meus irmãos. Quanto a terceira essa eu posso. O Grande Guerreiro, conhecido por você como Menahe, determinou que era hora de lhe trazer para nosso mundo definitivamente. Ele é filho do Grande Jardineiro, e os dois são senhores de todos os mundos e dimensões. Você vem do mundo dos homens, devastado pelo mal, aniquilado pelo pecado. Você conhece a muito o Grande Menahe, ele lhe é intimo, no seu mundo, com outro nome, com outra forma, mas aqui Ele tem o mesmo propósito, impedir a morte e escuridão eterna. Impedir o Imperador das Trevas inimigos de todos os seres de escravizar e matar a raça amada, a raça dominadora deste plano. Então não mais visitas passageiras, hoje você veio para fazer parte da história de nossa redenção, hoje você é o Anunciador de boas novas.

            -Entendo, parece tudo tão confuso pra mim, não sei da metade do que você fala. Mas esperarei ate você e seus irmãos me contarem tudo. Acho que tenho mais uma pergunta, posso?

            - Claro Anunciador, você pode me perguntar. – Completou Ashia cheia de risos.

            - O que exatamente é você? Uma Profeta?

            - Não, não. Longe disso. Eu sou o segundo oráculo, de uma raça divida que morava nos palácios do Grande Jardineiro. Eu e meus irmãos o primeiro e terceiro oráculos, fomos designados para proteger os filhos de Adamah, cuidar dessas crianças, somos seres divinos, postos na carne para os proteger.

            - Entendi Ashia. Bom muito obrigado. Sinto-me satisfeito, e com muito sono.

            - Fico feliz que esteja satisfeito Anunciador, porem o sono pode lhe envolver na cela do meu cavalo, pois estamos muito perto do nosso destino, A Floresta de Uma Arvore Só. Meus irmãos escodem-se nela. Essa é uma das únicas florestas não dominadas pelas hordas de Egnor. Depois da queda da raça amada, a arvore da profecia cresceu desordenadamente para proteger o castelo do primeiro rei e rainha dos filhos de Adamah, cresceu e tornou-se um labirinto enorme, hoje a maior floresta que existe no reino, o curioso é que toda a floresta é somente uma arvore, os galhos cresceram e foram se apoiando no chão alastrando-se, florescendo e crescendo sem parar, somente os de puro coração conseguem achar o tronco da arvore, que fica dentro do Palácio de Mármore, Casa dos Primogênitos, nos jardins dos palácios está o tronco e a morada de meus irmãos.


            E tão rápido quanto desceram, os dois montaram o cavalo e prosseguiram a viajem. Marcelo adormecera, Ashia permanecia atenta ao redor, o sol havia se escondido no horizonte e a Grande lua prata de Setir reinava o céu emanando poder e brilho para os caminhos do Oraculo. O Cheiro de Seiva tornava-se palpável, estavam perto, a cada metro ganhavam o terreno para a Floresta De Uma Arvore Só.

...Continua...




sábado, 12 de novembro de 2011

... Continuação




Os mundos se entrelaçam

Um estrondo acorda o Rapaz. Seis e meia da manhã, um fraco fio de luz entra no quarto anunciando um dia cinza e frio. Chovia torrencialmente lá fora. Outro estrondo, um trovão, da mesma intensidade do que o acordara. Um uivo, o vento balança a janela, dia difícil. Marcelo levanta, toca com os pés o chão frio, um arrepio. Veste a camisa para evita-lo. Caminha lentamente até o banheiro, escora na parede do corredor, deixa a mente entorpecida pelo sono despertar. O frio aumenta, caminha mais rápido, entra no banheiro liga o chuveiro, deixa a agua quente cair, fecha a porta do toalete e o deixa encher de vapor. A agua quente desvanece o nevoeiro do sono, e tudo começa a chegar  com rapidez  e vivacidade ao intelecto de Marcelo. O sonho, ele tinha sido tão real, a chuva em Adamah, e a chuva na rua quando ele acordara, ainda conseguia sentir o cheiro de Adamah no quarto, o calor e energia intenso ainda percorriam o seu corpo. Pena! Era somente um sonho, queria realmente um dia poder se encontrar com Menahe, poder estar com Ele de verdade.

Adamah parecia mais assustadora dessa vez. Ele não entendeu que guerra o Guerreiro havia falado, sonho era mesmo uma graça, tudo confuso, tudo tão real, mas sem nexo, sem razão.


Terminara o banho, estava desperto agora. Arrumou-se rapidamente, saiu de casa, trancou a porta. Caminhou sozinho pelo corredor do nono andar, como fazia todas as manhãs, hoje mais escuro que de costume, parecia que as trevas de Adamah estavam ali, circundando ele, buscando o anunciador do Guerreiro.


Desce o elevador. Térreo. Caminha pela calçada, o guarda chuva negro enorme o protege da chuva, seus sapatos porem estavam encharcados. Para no ponto coberto, estava lotado, pessoas e pessoas tentavam se proteger da chuva. Depois de três ônibus o dele chega, embarca extremamente apertado, aguarda chegar ao serviço.


Desce, caminha mais um pouco, a chuva aumenta, o vento uiva, sopra a agua do chão. Entra no prédio do trabalho, aperta o botão do elevador, ele acende, espera alguns minutos para ele chegar, entra aperta o andar do escritório, sobe lenta e silenciosamente, apesar do elevador estar cheio, ninguém conversa. As pessoas vão descendo mudas, até ficar Marcelo e mais uma garota.


Ele desce no vigésimo andar, ela continua. Senta na frente do computador, faz o login, cinco minutos adiantado, trabalha, escreve, computa. Hora do almoço. No refeitório a comida por mais temperada desce sem gosto na boca do rapaz. Ele queria viver o real, queria Menahe.


Volta, mais processos, mais arquivos, o chefe aparece, pede para ele organizar uma lista de processos digitais que estavam desorganizados. Marcelo aceita. Fica até mais tarde, as luzes principais são apagadas, o segurança passa e pergunta quanto tempo mais ele vai estar ali, uma resposta desanimada, pelo menos uma hora. Dez e meia, terminara o serviço, com a mente exausta e enxuta caminha lentamente pelo corredor semi-escuro, sente frio, um frio absurdo para a temperatura de um prédio. Aperta o botão do elevador, ele demora a chegar, um vento frio, arrepio na nuca. Medo, barulho, risadas frias. Um sussurro ao vento, um nome, uma ameaça: “- Egnor vem te pegar”. Marcelo vira surpreso, somente penumbra, sombras. Um estalo, o elevador chega.


Ele entra assustado, aperta o térreo, o coração acelerado, o tempo da porta se fechar parece uma eternidade, finalmente ela se fecha. Num ultimo instante ele vê algo se movendo no corredor, um ser rastejando, correndo. A porta se fecha.


O elevador desce, andar por andar o frio intensifica, no meio do oitavo com o sétimo andar o elevador trava, as luzes apagam, as de emergência acendem, pequenas e fracas iluminam toscamente o elevador. Marcelo se desespera, tenta apertar o botão de emergência, não funciona. Ele ouve um som, parecia chuva, e algo mais, as mesmas risadas engasgadas parecem vir de cima. Algo tenebroso parecia descer acima do elevador.


Em desespero Marcelo força a porta, ela não cede. Barulho metálico, algo aterrissa no teto do elevador, um grito, seu nome, promessas de morte ao arauto de Menahe, metal sendo cortado, laminas de machados cortam o teto do elevador.


Um outro barulho, a porta começa a abrir, uma mão feminina se estende para ele, um brilho prateado desprende da mão: -Vem Marcelo, seja rápido.


Ele olha o teto, olhos amarelos o observam pelo buraco aberto, criaturas, seres, demônios. Um grito de desespero abafado, Marcelo pula pela porta, olha em volta, está numa gruta, uma furna coberta de musgo e lama, olha a sua frente, em pé parada uma mulher de cabelos loiros e brilhantes como o sol, com um vestido branco, leve, fluido como o vento, em sua pele tatuagens prateadas, pareciam escritas, contando uma história antiga e um futuro distante.


Ela o puxa para trás, um trovão, um clarão. Do buraco as criaturas saem. O tempo parece parar. A pele das criaturas pareciam feita de terra seca, os olhos grandes e amarelo injetavam maldade a cada canto que olhavam. Cada uma delas tinha uma armadura de cobre, toscamente forjada, com machados e facões.


Eles gritaram em direção da mulher. Baba e sangue escorrem pelo queixo das criaturas. A dama prateada com um movimento rápido puxou um espada fina e longa de suas costas. Um dos monstros pulou, num giro a mulher corta a criatura no meio, sangue preto e denso cai sobre a lama, os outros dois seres correm em direção a ela, uma é golpeada no peito, sendo atravessada, a outra tem a mão que segura o machado cortada, grita cheia de ódio e somo na escuridão.


A mulher se vira para Marcelo, ela brilhava suavemente, parecia a lua, com um brilho doce e prateado.


-Bem vindo Marcelo, sou Ashia, terceiro oraculo do Grande Jardineiro, protetora da raça amada, e anunciadora da verdade, o Grande Guerreiro pediu que eu o achasse, e o levasse até os outros dois oráculos. Temos suas armas e sua armadura, forjada na fé e esperança que alimenta o coração do Grande Jardineiro, nada tema, pois Menahe é conosco.

Continua

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Chamado

Deitado na cama ele olha o teto, o cansaço era enorme. A pálida Luz da lua iluminava o espelho do quarto e refletia timidamente no teto. Os olhos ardem, pesam, fecham. Dorme. Silencio intenso, escuridão profunda.

Barulho de água, corpo molhado, Chuva! Ele abre os olhos. Frio! Estava no meio de um bosque, arvores gigantes reinavam por todo lado. O céu parecia chumbo, nuvens grossas e pesadas se arrastavam com o vento. Estava numa trilha, num bosque escuro por causa do tempo. A trilha estava pesada por conta da lama, o vento fustigava a face do rapaz, os pingos pesados batiam com ardência sobre a pele.
Resolveu caminhar, escorregava de vez ou outra por conta da terra molhada. Estava lá, sabia disso. Estava no mundo de Menahe, mas nunca encontrara aquela terra assim, nublada, chuvosa, fria e assustadora. Caminhou por algum tempo, a trila foi se espaçando, as arvores dando lugar a pequenas campinas com gramados macios e molhados.  Casebres em ruínas distanciavam-se umas das outras, ervas cresciam a volta delas, em umas das casas Marcelo viu luz. Parecia que alguém estava com a lareira acesa, ia passar por lá, saber onde estava, comer alguma coisa, se aquecer. Chegou na casa, antes de bater uma voz forte o mandou entrar. Era a voz, era Ele, o seu amigo. Ele entrou.
Era Menahe. A lareira não estava acessa, a luz vinha da pele dourada do Homem parado ao centro da cabana, seus cabelos cacheados vermelhos tinham a intensidade de fogo, Dele um calor intenso irradiava, mantendo o frio longe daqueles que perto estavam, bastava ficar perto de Menahe e o frio, a chova, o medo cessavam. Com uma roupa simples, um manto de pano cru e descalço o Homem chama Marcelo para sentar no chão do casebre de frente para ele. Marcelo senta, Menahe também, a energia desprendida dele era impressionante, revigorava as forças, espantava qualquer sentimento, medo, algo nocivo da mente, perto dele o rapaz sentia-se humano novamente.
-Bem vindo Marcelo, é sempre ótimo recebê-lo aqui.
- Menahe, saudades sempre. É sempre ótimo te ver, mesmo que em sonhos.
-Porque “mesmo que em sonhos”? Indagou Menahe.
-Porque queria que fosse real, queria te ver quando acordasse.
-Estar aqui comigo Marcelo é mais real do que em seu mundo, estar comigo é viver de verdade.
-Entendo, desculpe.
-Você não precisa se preocupar, tudo parece confuso, mas vão se esclarecer. – Completou Menahe cheio de Amor.
-Da outra vez que estive aqui foi tão lindo, numa praia, tempo agradável. Hoje da chovendo, tudo parece tão triste.
-Por isso te chamei aqui meu amigo. Tempos escuros estão vindo sobre essa terra, tempos de trevas. E quero que você seja meu parceiro na libertação do povo que meu Pai criou.
-Como?
-Essa chuva e tristeza vêm da escuridão e do mal que se instalou nesse mundo, essas casas já foram habitadas por famílias felizes, hoje criaturas sombrias habitam nesses bosques, escravizando e devorando  os habitantes daqui. O tempo de redenção chegará, mas por enquanto preciso de um guerreiro que me represente, e escolho você, você levará meu nome e combaterá as trevas e seu imperador.
-Mas mo quer aconteceu. Como esse imperador chegou aqui?
-Os reis dessa terra, responsável pelo equilíbrio e pela preparação da vinda de meu Pai entregaram o governo desse mundo as mãos do mal, foram lubridiados. Somente uma magia poderosa que somente eu e meu Pai conhecemos pode libertá-los dessa escravidão. O tempo está para chegar, mas quero que anuncie essa boa nova. Vá e pregue sobre a guerra e sobre o Grande Guerreiro, o libertador dos homens.

CONTINUA

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Santuario

                Mais um dia estressante, mais um dia cheio de problemas e preocupações. Deitado na cama de cabeça cheia o sono demora a vir, está ansioso para dormir. O escuro, os olhos ardem, a mente vagueia pelo vazio. Aos poucos sua mente adormece. Escuro, silencio.
     Ele ouve um som. É o farfalhas de folhas sendo arrastada pelo vento. Abre os olhos, a luz inunda tudo. Sentado sobre um gramado extremamente macio ele sente a pele ser acariciada pela brisa, o cheiro mar invade seu olfato. Está no alto do penhasco novamente. A paisagem é irreal, montanhas escarpadas cobertas de arvores, cada uma bailando uma valsa encantadora nos braços de ventos carinhosos, o uivo do ar cortando as montanhas entra para sinfonia. As ondas quebrando contra as rochas soam baixinho, é preciso ouvir atentamente. O sol brilha intensamente, porem ele não queima, seu calor é aconchegante, é denso. Ele percebe que a arvore onde está sentado é de alguma fruta que não conhece, não tem fome, mas pega uma para prova-la. Ao se levantar vê uma pequena trilha que entra pela encosta e se perde no meio das arvores. Apanha a fruta, cheira ...tão doce o aroma. Uma mordida. O paladar se perde no sabor, fecha os olhos grava na memoria o sabor, nunca tinha provado algo assim. Abre os olhos, decide seguir pela trilha, descalço e de shorts e camisa branquíssimos começa a caminhada pelo meio do bosque que dominava as encostas, quando chega perto de arvores mais densas a trilha segue beirando p precipício, o mar se rebate azul lá em baixo, a montanha ia diminuindo a medida que caminhava, chegou a uma área plana com arvores mais espaçadas. O som das ondas eram vibrantes agora, e o vento era ainda mais suave e gentil ali embaixo, carregado de um perfume marítimo que o fez sorrir. Porem algo o fez acelerar o coração, o som de um violoncelo pairava pelo ar. Uma melodia doce, calma. Ele não sabia, mas parecia que a musica falava do sol, da praia, do vento, era a trilha sonoro perfeita para o lugar. Ele caminha saboreando a natureza e o som. Chega a praia, o som da musica é mais alto aqui, caminha lentamente desejando sentar ali e ficar ouvindo até anoitecer. A musica para, seu coração para junto, porque? Ela estava tão linda. O som vinha dali de perto, ele decide encontrar o musico e pedir para que toque mais.
     Ele caminha mais, quase até o mar, um pouco a frente avista um homem sentado na areia branca, a luz refletida na areia dava um brilho maior a toda a situação. Seu coração acelerou, era ele, estava ali esperando-o o tempo todo. Chegou até o homem, ele olhava o mar apaixonadamente. Ali estava um pano grande e redondo onde havia um violoncelo repousado na areia brasas, peixe, e pão sendo assados, numa pequena mesa uma jarra simples contendo vinho. Ele sorri e chama pelo homem.
     -Menahe...
O homem sentado na areia se vira, seus olhos marejam
     - Ah ...que saudades Marcelo!
     Numa corrida atrapalhada por conta da areia os dois se abraçam, uma abraço de amor, amor paterno, amor incondicional. Eles se olham demoradamente, Menahe o convida pra sentar, ele toca mais um tanto de musica para Marcelo ouvir. Marcelo chora, não de medo, nem de tristeza, nem dor, mas de amor, de agradecimento, por duas coisas, pela vida que fora entregue para ele poder viver, e pelo santuário criado para os dois.









O despertador toca, sete e meia da manhã, mais um dia de trabalho e fadiga, mais um dia de estresse e dor, mas anoite... anoite a gente se vê.